“Saúde é um estado
perfeito (completo) de bem-estar físico, mental, social e não é apenas a
ausência de doenças.”
Esta é a definição da
Organização Mundial de Saúde (OMS).
O corpo humano é um
organismo que vive como uma Unidade.
A Mente faz parte dessa
mesma Unidade.
Nunca sabemos onde termina
o corpo e começa a mente, da mesma maneira que nunca sabemos a que temperatura
termina o frio e começa o calor.
Qualquer transtorno ou dor
física é sempre um problema para a nossa mente, assim como qualquer crise
mental transforma o corpo. Quando sentimos dor na garganta, não dói também a
alma?
Se nos sentirmos “feridos na alma” nosso corpo
perde a mobilidade, se “paralisa” e a respiração torna-se superficial e
agitada.
Quando estamos saudáveis
vivemos mais ligeiros, mas quando estamos doentes vivemos mais pesados.
Os órgãos do corpo vivem
em comunidade, da mesma forma que os humanos, eles colaboram, trabalham em
comum para o bem geral, para a saúde do organismo Corpo-Mente.
Na saúde os órgãos do
corpo vivem em harmonia, em total interdependência e quase não os sentimos.
Na doença, os órgãos “se
fazem sentir” e aparecem sensações internas desagradáveis aos quais chamamos de
sintomas de doença. É sentir algo num lugar que normalmente não sentimos.
Com frequência os sintomas
indicam que não estamos a dar muita importância ao nosso corpo e ao
desequilíbrio existente entre os órgãos. Talvez estejamos a gastar excessiva
energia em atividade exterior ou dar voltas com a cabeça em monólogos internos,
especialmente quando as coisas não vão como nós queremos.
Hoje em dia gastamos pouca
energia com a atividade física e muita com nossas preocupações, inseguranças e
medos. O medo do futuro nos faz perder muita energia, e canalizamos esses medos
para companhias de seguro que nos “vendem” as sensações de segurança. Mas a
única segurança que não depende dos outros é a confiança em nós mesmos e é a
que nos falta nesta época de mudanças drásticas.
Os medos se manifestam no
corpo.
As palavras psíquico e
psicológico, ou seja quando nos referimos a qualidades ou capacidades mentais
vem do grego psikhé que originalmente significava Alma, entidade maior e não
puramente mental como atualmente se designa.
A palavra somática é
utilizada quando nos referimos ao corpo físico, provém da palavra grega soma,
palavra com a qual se designava o corpo, mas numa situação especial, o corpo
sem vida, ou corpo morto. Da união ou “casamento” da palavra psiquis com a soma
surge um dos campos mais importantes da investigação em medicina: a
psicossomática.
A visão psicossomática da
doença é uma visão global do ser humano tanto como corpo físico, como “corpo”
mental.
No entanto, se no ser
humano não existir uma integração entre o que se pensa (movimento mental) e o
que se faz (movimento corporal) podemos dizer que não há cura.
Quando nas nossas vidas, a
regra geral é pensar algo e fazer o contrário do que pensamos ou não fazemos
nada, estamos a criar desequilíbrios ao qual chamamos doenças.
Reprimimo-nos ou evitamos
realizar nossos pensamentos, guiamo-nos por modelos sociais nos quais vivemos,
com hábitos adquiridos desde de criança.
A mente em diversas
tradições é chamada de “corpo mental” e nos possibilita pensar, o corpo nos
permite fazer.
Entre a mente e o corpo se
encontra “o sentir”, o coração.
Se aquilo que penso está
alinhado com o que sinto e com o que faço estou a curar. Caso contrario, se
penso uma coisa, sinto outra e faço outra que não tem haver com o que estou a
sentir, eu estou a criar desequilíbrios ou seja doenças.
Outra forma de manifestar
o que eu penso ou sinto com o que faço, é o que eu falo, ou seja como me
expresso (comunicação verbal e comunicação corporal).
Eu me curo quando alinho o
eu-penso, eu-sinto, eu-faço e eu-falo. Caso contrário deixo de ser Eu.
O grande perigo das especializações
ou das sub-especialidades da Medicina atual, da psicologia e da psiquiatria é
de fixarmo-nos nas partes e deixarmos de ver o Todo Integrado. Porque todas as
pessoas são muito mais que as somas das partes.
A cura não se cria a
partir de intervenções externas (medicamentos, operações cirúrgicas, etc.) num
órgão ou noutro.
A doença é sempre “uma
unica doença” e se manifesta segundo a nossa constituição, idade, trabalho,
clima, sexo, forma de pensar e viver.
A doença é a rutura do mínimo equilíbrio
necessário entre os diferentes mas complementários órgãos do corpo, rutura
entre a mente e o corpo, entre nós e nossa família, entre cada uma das pessoas
que vivem no mundo e no meio ambiente que as rodeia (e as alimenta) entre o ser
humano e a sociedade desumanizada em que vivemos.
Vivemos uma perda de
ecologia interna com nós mesmos (entre nossos órgãos e mente) e com os outros e
não podemos cair na tentação de deitar a culpa das nossas doenças a baterias e
vírus, à herança, à idade, ao clima, ao frio, à má sorte, a Deus que decidiu
assim…
Não podemos seguir
desmembrando cada uma das partes do corpo, nem separar o corpo da mente, não
podemos isolar nossa saúde da saúde da Terra, não podemos desagregar o
bem-estar de um ser humano daqueles que o rodeiam. O Universo não está formado
de “caixas” quadradas, separadas umas das outras, sim de esferas ou círculos
concêntricos incluídos uns nos outros, ao estilo das conhecidas bonecas russas,
em que a maior tem dentro uma serie de bonecas iguais mas mais pequenas.
Quando falamos de
ecologia, falamos da interpelação da Natureza e do equilíbrio do ser humano com
ela.
Não podemos esquecer a
ecologia da nossa própria natureza (corpo-mente) e a ecologia entre os seres
humanos.
Se percebêssemos isto, talvez explicássemos
melhor a Saúde e a Doença.
À Tua Saúde!
Texto do Dr. Karmelo
Bizkarra