O texto
abaixo é do Dr. Jorge Carvajal, Médico Colombiano criador da Sintergética uma
forma de tratamento que engloba conceitos e princípios que regem a medicina
clássica com as medicinas tradicionais e ancestrais, numa dança onde os opostos
se complementam e onde o físico e o espiritual confluem para um
conceito de Saúde Integral.
Texto do Dr. Carvajal:
“ A contração pode ser uma bênção.
Temos
caminhado pela Vida sem darmos conta que nos afastamos de nós mesmos.
Esta crise
pode ser uma boa oportunidade para voltarmos ao que é essencial: nossa própria
humanidade.
Nas últimas
décadas assistimos a um crescimento artificial, assente na concorrência e na
guerra, mas que neste momento se está a congelar, ou seja ocorre a contração
que sempre sucede uma expansão.
Nas crises
despertamos, nas emergências, emergimos.
Se, não resistirmos à mudança podemos crescer
de verdade.
E, se nós
não oferecêssemos resistência à contração? Talvez assim a crise possa ser
sinonimo de oportunidade preciosa para voltar a nós mesmos, e através desta
época de “crepúsculo”, reconhecer a beleza da nossa noite interna.
Ainda há
tempo para “dar à luz” de novo. Para nos reinventarmos. Nesta contração pode
acontecer o que realmente vale a pena ser: uma expansão interior, um acender do
coração, e que a Terra seja a casa e a fogueira.
Regressamos?
SIM… de uma vez por todas, sem resistência, regressamos.
Se em cada
expansão do coração não houvesse uma contração, a nossa vida não seria
possível.
Se na matriz
do caos, não se criar uma nova ordem, a evolução não seria possível.
Sem a
certeza de um caminho de retorno a vida perde seu sentido. É necessário
regressar aos caminhos percorridos, para encontrar em quais nos perdemos.
Escutemos a voz da necessidade e reconheçamos que não há colheita sem semente.
Perdemos o
contato com o essencial quando confundimos Ser e Ter, Viver e Consumir, Existir
e Colher.
Perdemos a Consciência da Essência quando
convertemos a existência numa estratégia para crescer quantitativamente.
Perdemos o
curso quando nosso intelecto se afastou de nosso centro e assim sem coração nosso
crescimento foi tão externo como perigoso.
A
macro-economia ía muito bem, a aparência era fantástica, mas não havia suporte
interior, e como castelo de naipes, um atrás do outro foram e vão caindo com
suas invulneráveis fortalezas. Porque não tinham coração.
O coração da
Vida se expande e se contrai.
As expansões
indefinidas não são possíveis, pois a mesma vida se renova através da morte.
Em todo o
caso, mais cedo ou mais tarde andamos para trás nos nossos próprios passos.
Cada passo é uma pegada onde se semeia as nossas ações, para um dia voltar e
receber o resultado do plantio.
E, o que é
que nós temos semeado?
A ilusão da
liberdade sem responsabilidade.
A ideia da
exclusividade.
A ideia
confusa de Ter para Ser, que nos tem levado à ilusão de que a aparência é a Essência.
Nós
plantamos, Não um Deus Universal de Amor, mas sim um pequeno Deus feito à
imagem e semelhança dos nossos interesses mesquinhos.
Temos
plantado a semente da competição, e temos perdido o compartir da colheita
humana.
Temos
plantado a semente da possessividade e perdemos a colheita da fraternidade.
Nós
plantamos unicamente para saciar nossos sentidos e colhemos um “vazio de
significado”.
Temos
plantado a esperança em valores de ações de bolsa e desvalorizando as ações da
nossa própria humanidade. Investimos em seguros de vida que só nos podem
assegurar a morte.
O essencial
não é o fruto das nossa ações, a verdadeira substância são as sementes, o
essencial não é produzir, nem cozinhar, muito menos consumir. O essencial é uma
semeadura verdadeira, que damos de todo o coração e que determina a qualidade
das nossas colheitas, que no fundo é o grande jogo da nossa felicidade.
Uma cultura
é um cultivo, e para cultivar a nova Terra, temos de cultivar nossa própria
terra, a do nosso corpo, a nossa energia.
Temos de
cultivar a terra de nossas relações humanas, pois dela nasce toda a economia.
Temos de
cultivar a terra de todas as nossas religiões, para que todas sejam religiões
de amor e o Amor seja a nossa verdadeira religião.
As águias
por volta dos seus quarenta anos deixam de poder usar o seu bico e suas garras,
ficam envelhecidos e retorcidos. O que fazem? Batem com o bico contra as rochas
para o destruírem, depois submetem-se a um longo jejum, onde lhes nasce um novo
bico e com ele arrancam todas as penas velhas e suas garras inúteis. Depois,
esperam até ficarem renovadas para uma nova vida.
Será que não
estamos a viver a época do recolher? A época de renovar o bico e as penas?
É hora de
fazermos o voo da alma humana para contemplar a unidade do desígnio que fazemos
parte. É hora de rever a economia, mas não só as relações entre governos e
bancos, também nossa economia quotidiana, para aprender a renunciar, para saber
perder sem nos perdermos, para eliminar em nós também a ilusão da expansão
ilimitada.
Restauremos
a economia, dando nova vida ás coisas simples e humildes.
Cultivemos
no presente a confiança, para que no horizonte a vida se desenhe num novo
amanhecer.
Quando a
nossa vida voltar à humildade de ser quem somos, de certeza teremos mais tempo,
seremos agricultores da nova terra e não simplesmente observadores.
Não tenhamos medo.
Que Deus abençoe esta crise.
Que no sulco
da nossa Terra ferida semeemos agora melhores sementes. As sementes da
Tolerância e da Flexibilidade. As da Humildade e da Sensatez e sobretudo
sementes de Autenticidade, para sermos o que somos de verdade, e que nossa
economia, nossas relações e nossa vida não estejam jamais suportadas na
mentira.”
Fonte:
www.sintergeticanet.com
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